Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura
André Luis Leite
Simone Mainieri Paulon
Porto Alegre - 2010
Um pouco de história
2008
Repercussões da Inclusão da Saúde Mental na Atenção Básica: um estudo comparativo em serviços de atenção básica do Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul.
Magda Diniz Dimenstein/Rosane Neves
- Olhares e Ações do Agente Comunitário de Saúde frente à Loucura
2010
Estratégias de cuidado em saúde mental na interface com a atenção básica: o trabalho dos agentes comunitários de saúde nas equipes de saúde da família.
Rosane Neves
- Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura
Campo Problemático
Brasil,década de oitenta
Reforma sanitária e psiquiátrica enquanto movimentos da sociedade civil
Institucionalização da Loucura
II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, Dezembro de 1987Bauru/SP.
Reconhecimento da Loucura enquanto Instituição e a decorrente necessidade de desinstitucionalizá-la marca a especificidade do movimento
o conjunto de aparatos científicos, legislativos, administrativos, de códigos de referência cultural e de relações de poder estruturadas em torno de um objeto preciso: a doença[mental], a qual se sobrepõe no manicômio o objeto periculosidade (ROTELLI, F.; LEONARDIS O. DE; MAURI, D, 2001, p. 90)Reforma Psiquiátrica:
- Redução do número de leitos para internação em hospital psiquiátrico
- Abertura de Centros de Atenção Psicossocial
- Consolidação do SUS
- Programa de Saúde da Família/Estratégia de Saúde da Família
- O Agente Comunitário de Saúde
- Personagem Híbrido e Polifônico
- Inovação no campo da saúde
- Habitação de um lugar paradoxal
Brasil, Contexto Atual
Reforma Sanitária
- Necessidade de qualificar a assistência prestada em todos os níveis do Sistema
- Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS - PNH
Reforma Psiquiátrica
- Novas ordens de cronicidade//Atenção predominantemente ambulatorial
- Carência de atenção à crise
- Necessidade de trabalhos na perspectiva territorial/Aproximação da atenção básica - NASF
- O Agente Comunitário de Saúde
- Elo entre equipes de saúde e a população de um território
- Desenvolvimento de vínculos como especificidade de trabalho
- Demanda constante de capacitação da e para a categoria
2005 Os cursos técnicos de formação de agentes comunitários de saúde
- Trabalhar na perspectiva de desenvolvimento de competências;
capacidade de enfrentar situações e acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa e responsabilidade, segundo uma inteligência prática sobre o que está ocorrendo e com capacidade para coordenar-se com outros atores na mobilização de suas capacidades (BRASIL, 2004p. 47).
Competências: martelando o conceito
Diretrizes Curriculares do Curso dos Agentes Comunitários de Saúde
Saber-fazer
Saber-conhecer
Saber-ser
Análise do uso dos conceito
Contexto da Administração: Mercados incertos e impossibilidade de prescrição completa das ações de trabalho
Que competências podem auxiliar os Agentes Comunitários de Saúde na construção de práticas para desinstitucionalização da loucura?
- Mapear as principais dificuldades encontradas pelos profissionais da atenção primária para prestar atendimento aos usuários de saúde mental
- Identificar as concepções de cuidado que pautam a atuação dos profissionais associando-as ao ideário da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária brasileiras
- Problematizar a forma como determinados arranjos de trabalho favorecem, ou não, uma atuação na perspectiva psicossocial
- Apontar diretrizes metodológicas que subsidiem políticas públicas de educação em saúde
Estratégia Metodológica
Pesquisa-Intervenção
- Análise Institucional Francesa
- Tensão Instituinte-Instituído
- Inspiração Cartográfica
- Acompanhamento de processos
- Trabalho com 75 ACS da ESF do distrito Glória/Cruzeiro/Cristal – Porto Alegre/RS
- Grupos Focais com os ACS
- Encontros de Formação
- Análise das implicações
- Diário de campo - Blog - 643 visualizações
Análise Parcial dos Resultados:
Categorias Oriundas dos Grupos Focais
Demandas de saúde mental que aparecem no cotidiano do trabalho dos ACS
- Uso de crack e de outras drogas
- Alcoolismo
- Violência domestica associada ao uso de álcool e drogas
- Depressão, depressão pós-parto
- Tentativa de suicídio, Suicídio
- Surto psicótico
- Uso de exagerado de medicação
- Idosos que moram sozinhos e que estão abandonados
- Gravidez na adolescência
- Pacientes com queixas múltiplas
Principais estratégias utilizadas para lidar com a demanda
- Encaminhamento para a equipe
- Agendamento de consulta
- Encaminhamento para serviço especializado
- Articulação com a equipe para receber os casos
- Acolhimento da pessoa em sofrimento
- Aumento no número de visitas por mês quando o caso é mais complicado
- Formação de duplas com outros agentes para a visita aos casos mais difíceis
- Explicação sobre o funcionamento dos serviços de saúde
- Cuidado mútuo entre os agentes; agente cuida de agente
- Discussão dos casos entre si (ACS)
Principais ações da equipe diante das demandas em Saúde Mental
- Discussão de casos com a equipe
- Ligações para a brigada militar quando necessário pois o SAMU não atende
- Encaminhamento para serviço especializado
- Realização de grupos na unidade
- Montagem de uma agenda específica para os casos de saúde mental
Critérios de Encaminhamento das demandas em saúde mental
- Dificuldades em responder a isso
- Tendência a encaminhar tudo e queixas sobre as falhas da rede
- Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem
Conhecimentos/habilidades que são necessárias ter para realizar um acolhimento em saúde mental
- Dificuldade em dizer com mais precisão qual seria o assunto no qual precisariam de capacitação
- Saber mais sobre diagnóstico
- Abordagem em casos de uso de drogas
- Identificação de casos e manejo em saúde mental
- A redução de dano como uma ferramenta de trabalho
Questões decorrentes de residir e trabalhar no mesmo lugar
- Ser reconhecido pela comunidade, sendo requisitado para diversos eventos
- A comunidade desenvolve uma relação de confiança com os agentes
- Cobrança de visita por parte dos usuários
- Dificuldades em estabelecer limites
- Não poder se mudar de casa mesmo que haja condições melhores
- Ser solicitado a qualquer hora, trabalhador em tempo integral
- Inimizades criadas por não se dispor a ‘fofocar’ sobre os outros usuários
- A dificuldade de lidar com os limites da atuação
Questões éticas
- O que cabe ao agente?
- O que levar para a equipe? O que é necessário? O que é demais?
- O paciente disse que não era para contar, e agora?
- Como saber o que é importante contar e o que não é?
- Como abordar um usuário cujos problemas você não soube por ele?
- Segredo é diferente de sigilo?
- O prontuário, ter acesso a ele ou não?
Saúde do Trabalhador
- Necessidade de mais suporte para executar o trabalho
- Trabalho no território gera sofrimento
- A dificuldade de lidar com os limites da atuação
- Problemas de trabalho dentro das equipes
- Insegurança em relação ao vínculo de trabalho
- Reconhecimento das chefias é mediado pela produtividade (número de visitas realizada)
- Sentimento de vazio e impotência
O ACS como agente social
- Disseminação de informações sobre documentos e busca de empregos
- Atuação como líder comunitário
Partindo das experiências concretas destes profissionais, de seu saber-fazer fruto do cotidiano, como chegar às competências que aumentem a potência de ação dos ACS?
- As capacitações do tipo pacotinhos prontos (sic)
- Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem
- Formação-intervenção, um mote para o ensino em saúde
- Promoção de encontros de trocas e de circulação das falas
Unidades de Produção como estratégia didática
São coletivos tomados como dispositivo capaz de disparar a compreensão sobre
“modos de fazer” atenção e gestão em grupo, bem como sobre a articulação da
produção de saúde em rede, desenvolvendo processos de cogestão e fomentando
grupalidade. O termo “produção” é utilizado nesta perspectiva de formação-intervenção para demarcar diferenças em relação às tradicionais denominações de
grupos ou equipes, já que se quer reforçar a idéia de que entre os produtos desses
coletivos incluem-se a produção de saúde e dos próprios sujeitos que vão se
transformando neste processo (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON,
2010, p.88).
Planos de Intervenção como instrumento de avaliação e acompanhamento
“Os planos de intervenção são estratégias concretas de viabilização de movimentos e ações que apontam metas, mas sempre como expressão das políticas, dos compromissos e das prioridades coletivamente definidas e compartilhadas (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON, 2010, p. 90)
Análise Parcial dos Resultados: a competência de construir vínculos
Saber-ser, mas o quê?
- Dos perigos do não dito
- Vincular-se como condição para o trabalho territorial e como fator adoecedor do trabalho
- O que nos ensinam aqueles que não sabem
Considerações finais