Cartografar é acompanhar movimentos e processos. Para tanto, usa o diário de campo como ferramenta capaz de ajudar o sujeito pesquisador a reler sua própria atividade - que aqui é pensado tanto como um campo específico, nos quais as atividades específicas da pesquisa se desenvolvem, quanto no campo da vida onde a vida e o conhecimento se processam.
domingo, 24 de outubro de 2010
Domingo, 24 de outubro - Permitido
Durante o grupo com os agentes comunitários dessa semana, Guga enunciou algo que há muito já estava posto mas para o que eu não tinha atentado tanto ainda. Ele pontua a forma como os agentes se permitem fazer intervenções a meu respeito, de algum modo, estabelece-se uma relação entre eu e eles na qual eles se sentem a vontade para pontuar meus esquecimentos, para falar dos meus erros e para fazer intervenção junto a minha pessoa. Passei a notar isto. Na hora, pensei muito sobre o assunto. Fui pensar que, de algum modo, o meu modo de ser - bem atrapalhado, bem desleixado, bem comum - poderia favorecer algo na nossa relação. Enfim, pensei que pode ser uma estratégia de usar algo que seria uma fraqueza -em uma abordagem mais estruturada, tecnico-centrada, enfim. Pensei, pensei e continuo pensando. A minha avaliação disso é boa. Acredito que isso pode favorecer a nossa relação, isso talvez faça com que a questão dos lugares de saber-poder possa transitar. Enfim, sigo pensando nisso.
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Vi a apresentação hoje e lembrei do blog... Vim dar uma olhada e colocar uns pitacos...
ResponderExcluirAo ver essa postagem, fiquei com uma questão e pensei em propor o debate. Em um dos artigos sobre cartografia, da Kastrup, (e também em algumas falas dela), me chamou a atenção uma diferença que ela faz entre subjetividade e subjetivismo. Segundo ela coloca, fazer cartografia e tratar a questão da subjetividade não pode ser confundida com uma análise subjetivista. O "subjetivista" diz respeito a um "eu", "individual", "sentimental", etc. Ao ler tua questão, fiquei me perguntando se ela não teria um caráter um pouco subjetivista. O que é legítimo, pois de alguma forma ou de outra acabamos nos perguntando se "somos bons ou não" quando nos colocamos em intervenções; acabamos também nos "testando" ou buscando afirmação, enfim... Mas interrogo como deslocar esse subjetivismo no processo de pesquisa e escrita da tese/dissertação, ou até como realmente diferenciar o subjetivismo da subjetivação. Enfim, apenas questões...