segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

20 de Dezembro - Banca de Qualificação do Projeto III






Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura

André Luis Leite
Simone Mainieri Paulon
Porto Alegre - 2010



Um pouco de história

2008  
Repercussões da Inclusão da Saúde Mental na Atenção Básica: um estudo comparativo em serviços de atenção básica do Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul.
Magda Diniz Dimenstein/Rosane Neves
  • Olhares e Ações do Agente Comunitário de Saúde frente à Loucura

2010
Estratégias de cuidado em saúde mental na interface com a atenção básica: o trabalho dos agentes comunitários de saúde nas equipes de saúde da família.
Rosane Neves 
  • Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura 

Campo Problemático



Brasil,década de oitenta

Reforma sanitária e psiquiátrica enquanto movimentos  da sociedade civil

Institucionalização da Loucura
II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, Dezembro de 1987Bauru/SP.
Reconhecimento da Loucura enquanto Instituição e a decorrente necessidade de desinstitucionalizá-la marca a especificidade do movimento
o conjunto de aparatos científicos, legislativos, administrativos, de códigos de referência cultural e de relações de poder estruturadas em torno de um objeto preciso: a doença[mental], a qual se sobrepõe no manicômio o objeto periculosidade (ROTELLI, F.; LEONARDIS O. DE; MAURI, D, 2001, p. 90)
Reforma Psiquiátrica:
  • Redução do número de leitos para internação em hospital psiquiátrico
  • Abertura de Centros de Atenção Psicossocial
Reforma Sanitária
  • Consolidação do SUS
  • Programa de Saúde da Família/Estratégia de Saúde da Família

    • O Agente Comunitário de Saúde 
      • Personagem Híbrido e Polifônico
      • Inovação no campo da saúde
      • Habitação de um lugar paradoxal



Brasil, Contexto Atual

Reforma Sanitária
  • Necessidade de qualificar a assistência prestada em todos os níveis do Sistema
  • Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS - PNH

Reforma Psiquiátrica
  • Novas ordens de cronicidade//Atenção predominantemente ambulatorial 
  • Carência de atenção à crise
  • Necessidade de trabalhos na perspectiva territorial/Aproximação da  atenção básica  - NASF

    • O Agente Comunitário de Saúde 
      • Elo entre equipes de saúde e a população de um território
      • Desenvolvimento de vínculos como especificidade de trabalho
      • Demanda constante de capacitação da e para a categoria


2005  Os cursos técnicos de formação de agentes comunitários de saúde
    • Trabalhar na perspectiva de desenvolvimento de competências;
capacidade de enfrentar situações e acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa e responsabilidade, segundo uma inteligência prática sobre o que está ocorrendo e com capacidade para coordenar-se com outros atores na mobilização de suas capacidades (BRASIL, 2004p. 47).


Competências: martelando o conceito

Diretrizes Curriculares do Curso dos Agentes Comunitários de Saúde

Saber-fazer
Saber-conhecer
Saber-ser


Análise do uso dos conceito 

Contexto da Administração: Mercados incertos e impossibilidade de prescrição completa das ações de trabalho




Que competências podem auxiliar os Agentes Comunitários de Saúde na construção de práticas para desinstitucionalização da loucura? 
  • Mapear as principais dificuldades encontradas pelos profissionais da atenção primária para prestar atendimento aos usuários de saúde mental 
  • Identificar as concepções de cuidado que pautam a atuação dos profissionais associando-as ao ideário da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária brasileiras
  •  Problematizar a forma como determinados arranjos de trabalho favorecem, ou não, uma atuação na perspectiva psicossocial
  •  Apontar diretrizes metodológicas que subsidiem políticas públicas de educação em saúde

Estratégia Metodológica

Pesquisa-Intervenção

  • Análise Institucional Francesa
    • Tensão Instituinte-Instituído
  • Inspiração Cartográfica
    • Acompanhamento de processos 
Procedimentos Metodológicos


Análise Parcial dos Resultados: 
Categorias Oriundas dos Grupos Focais


Demandas de saúde mental que aparecem no cotidiano do trabalho dos ACS
  1. Uso de crack e de outras drogas
  2. Alcoolismo
  3. Violência domestica associada ao uso de álcool e drogas
  4. Depressão, depressão pós-parto
  5. Tentativa de suicídio, Suicídio
  6. Surto psicótico
  7. Uso de exagerado de medicação
  8. Idosos que moram sozinhos e que estão abandonados
  9. Gravidez na adolescência
  10. Pacientes com queixas múltiplas
Principais estratégias utilizadas para lidar com a demanda
  1. Encaminhamento para a equipe
  2. Agendamento de consulta
  3. Encaminhamento para serviço especializado
  4. Articulação com a equipe para receber os casos
  5. Acolhimento da pessoa em sofrimento
  6. Aumento no número de visitas por mês quando o caso é mais complicado
  7. Formação de duplas com outros agentes para a visita aos casos mais difíceis
  8. Explicação sobre o funcionamento dos serviços de saúde
  9. Cuidado mútuo entre os agentes; agente cuida de agente
  10. Discussão dos casos entre si (ACS)
Principais ações da equipe diante das demandas em Saúde Mental
  1. Discussão de casos com a equipe
  2. Ligações para a brigada militar quando necessário pois o SAMU não atende
  3. Encaminhamento para serviço especializado
  4. Realização de grupos na unidade
  5. Montagem de uma agenda específica para os casos de saúde mental
 Critérios de Encaminhamento das demandas em saúde mental
  1. Dificuldades em responder a isso
  2. Tendência a encaminhar tudo e queixas sobre as falhas da rede
  3. Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem
Conhecimentos/habilidades que são necessárias ter para realizar um acolhimento em saúde mental
  1. Dificuldade em dizer com mais precisão qual seria o assunto no qual precisariam de capacitação
  2. Saber mais sobre diagnóstico
  3. Abordagem em casos de uso de drogas
  4. Identificação de casos e manejo em saúde mental
  5. A redução de dano como uma ferramenta de trabalho

Questões decorrentes de residir e trabalhar no mesmo lugar
  1. Ser reconhecido pela comunidade, sendo requisitado para diversos eventos
  2. A comunidade desenvolve uma relação de confiança com os agentes
  3. Cobrança de visita por parte dos usuários
  4. Dificuldades em estabelecer limites
  5. Não poder se mudar de casa mesmo que haja condições melhores
  6. Ser solicitado a qualquer hora, trabalhador em tempo integral
  7. Inimizades criadas por não se dispor a ‘fofocar’ sobre os outros usuários
  8. A dificuldade de lidar com os limites da atuação
Questões éticas
  1. O que cabe ao agente?
  2. O que levar para a equipe? O que é necessário? O que é demais?
  3. O paciente disse que não era para contar, e agora?
  4. Como saber o que é importante contar e o que não é?
  5. Como abordar um usuário cujos problemas você não soube por ele?
  6. Segredo é diferente de sigilo?
  7. O prontuário, ter acesso a ele ou não?
Saúde do Trabalhador
  1. Necessidade de mais suporte para executar o trabalho
  2. Trabalho no território gera sofrimento
  3. A dificuldade de lidar com os limites da atuação
  4. Problemas de trabalho dentro das equipes
  5. Insegurança em relação ao vínculo de trabalho
  6. Reconhecimento das chefias é mediado pela produtividade (número de visitas realizada)
  7. Sentimento de vazio e impotência
O ACS como agente social
  1. Disseminação de informações sobre documentos e busca de empregos
  2. Atuação como líder comunitário


Partindo das experiências concretas destes profissionais, de seu saber-fazer fruto do cotidiano, como chegar às competências que aumentem a potência de ação dos ACS? 


  • As capacitações do tipo pacotinhos prontos (sic) 
  • Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem
Desenvolvimento de competências de Agentes Comunitários de Saúde: possíveis contribuições metodológicas
  • Formação-intervenção, um mote para o ensino em saúde
  • Promoção de encontros de trocas e de circulação das falas 



Unidades de Produção como estratégia didática

São coletivos tomados como dispositivo capaz de disparar a compreensão sobre
“modos de fazer” atenção e gestão em grupo, bem como sobre a articulação da
produção de saúde em rede, desenvolvendo processos de cogestão e fomentando
grupalidade. O termo “produção” é utilizado nesta perspectiva de formação-intervenção para demarcar diferenças em relação às tradicionais denominações de
grupos ou equipes, já que se quer reforçar a idéia de que entre os produtos desses
coletivos incluem-se a produção de saúde e dos próprios sujeitos que vão se
transformando neste processo (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON,
2010, p.88).

Planos de Intervenção como instrumento de avaliação e acompanhamento

“Os planos de intervenção são estratégias concretas de viabilização de movimentos e ações que apontam metas, mas sempre como expressão das políticas, dos compromissos e das prioridades coletivamente definidas e compartilhadas (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON, 2010, p. 90)

Análise Parcial dos Resultados: a competência de construir vínculos



Saber-ser, mas o quê?
  • Dos perigos do não dito
Vínculo: o paradoxo do território
  • Vincular-se como condição para o trabalho territorial e como fator adoecedor do trabalho
Para se vincular: saber-fazer o quê? Saber-conhecer o que? Saber-ser que?
  • O que nos ensinam aqueles que não sabem

Considerações finais

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