Isso de escrever acaba me obrigando a pensar. Precisei escrever a metodologia do meu projeto de qualificação. Caí em pilhas de café, chimarrão e doces, além de livros, textos e artigos soltos. Fui ler sobre pesquisa ação, seu intuito conscientizador e tudo mais. Li também sobre pesquisa ação, produção de analisadores, surgimento do novo, dimensão instituinte, e tudo mais. Essa leitura toda reverberou imensamente sobre o trabalho no grupo com os ACSs da semana. Fiquei desnorteado por perceber que eu teria uma tendência a achar que aquelas pessoas precisam saber, precisar estar conscientes dos muitos determinantes que se presentificam em um simples ato de cuidado em saúde. Isso causou em mim um sentimento de estar mais filiado a pesquisa ação. Ao mesmo tempo, tenho a sensação de que por esta via – não necessariamente da conscientização - podemos elevar as situações que ali se processam a categoria de analisador. Contudo, estou cada vez mais convencido de que para por uma instituição em análise é preciso tempo, um tempo que é marcado por diferentes ritmos já que a via que escolhi para questionar a instituição diz respeito ao modo singular como esta atravessa os diversos sujeitos no campo social. No caso da minha pesquisa, interrogar o especialismos, interrogar a supremacia do saber médico, diz respeito a um movimento de produzir interferência na forma com aquelas corpos ali se encontraram com isso. Claro, óbvio e evidente, também diz respeito, necessariamente, a relação que eu tenho com isso. Análise de implicação é, de fato, uma ferramenta de trabalho na pesquisa intervenção.
Crise á parte, os estudos todos sobre o tema me deram uma clareza legal sobre aquilo que dentro deste referencial caracteriza uma pesquisa como intervenção. Escrevi assim no projeto;
Trata-se de uma pesquisa, pois é orientada por uma pergunta norteadora para qual se esforça em construir repostas, e, sustenta-se como intervenção, na medida em que se propõe a criar analisadores, ou elevar elementos presentes em um dado contexto a esta categoria de modo que se possa produzir a análise( PAULON, 2005; ROCHA, AGUIAR, 2003).
A implicação deseja pôr fim às ilusões e imposturas da neutralidade analítica, herdada da psicanálise e, de um modo geral, de um cientificismo ultrapassado, esquecido de que, para o “novo espírito científico”, o observador já está implicado no campo da obervação, de que sua presença modifica o objeto de estudo, transformando-o. (…) [Ela] mostra a necessidade de enlaçar análise e a implicação propondo um passo que consiste no “vai e vem do homem em situação ao objeto, e do objeto ao homem em situação.” (LOREAU, 1993, p. 83) – grifos nossos.
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