domingo, 4 de julho de 2010

01 de Julho – Conferência de Saúde Mental, do avião

Mantenho minha crítica – que será aprofundada em um artigo com Silvio ou Simone – de que a modelo de participação precisa ser revisto. Contudo, alguém comentando a fala do Ticanori, me esclareceu a função ritualística daquele momento. Esta fala direcionou todo o meu posicionamento dentro da conferência e fez tudo fazer mais sentido.
Devido a maratona que foi o trabalho de aprovação das 1252 propostas na plenária final (para os presentes, o ponto alto do trabalho; para mim um esforço absurdamente inútil - eu estava a ponto de matar aquelas figuras todas) eu já não queria saber de nada que fosse democrático. Por volta de 01:00 da manhã, vendo as pessoas - as poucas ainda presentes – se degladiando para falar e defender aquilo, conversava com Gabriel. Interrogávamos se elas realmente acreditavam naquilo que estavam fazendo. Pensei que sim, o Gabriel também. Lembrei da função ritualística daquele momento. Respirei fundo, fui para um canto onde eu pudesse ficar quieto, não incomodar e não ser incomodado. Dormi uns 40 minutos e ganhei mais forças para retomar a minha observação.
Levantei ás 01:50. Desci. Faltavam poucas propostas. Em pouco mais de meia hora estas foram vencidas. Só faltavam as moções. Reta final. Surpresa e prazer ao ver que na leitura destas, ficou claro que apenas aquelas da delegação do RS – graças a um trabalho realizado durante o jogo da seleção - eram assinadas pela delegação. Pareciam ser as únicas que haviam sido, aparentemte, decididas em conjunto, trabalhadas em conjunto, mesmo a revelia de pequenos seres. Muito bom isso! Mesmo! Deu um prazer imenso de ver projetado naquele telão a assinatura DELEGAÇÃO DO RS. Não resisti e falei com a Lívia – incrível como me sinto seguro perto dela. Ela, tomada pelo cansaço, não deu tanta importância para minha pequena vitória. Pois é. Caminhávamos para o final.
A leitura da última moção, a plenária gritando e jogando as coisas para cima, as pessoas se abraçando, clima de trabalho realizado invadindo o lugar. Neste momento, pensando o ritual como promotor de encontros entre pessoas, aquile esforço todo fez um pouco mais de sentido. Foi muito emocionante ver isso acontecendo. Estar ali, no meio daquela gente gaúcha,no meio daquele povo todo, no meio de pessoas para quem as coisas que me são importantes também dizem muito foi muuuuuuuuuuito bom! A raiva não passou, a idéia de interrogar o modelo também não. Contudo, no meio da guerra fria que estava aquela plenária, este foi um momento de calor.
Subimos no palco, abracei a Sandra (que estava em prantos).O Eduardo estava pedindo um abraço á alguém – ou alguém pedia um abraço a ele? Enfim, o clima virou. Éramos, novamente, militantes por um ideal. Estar lá, valeu a pena. Sentia isso assim, meio tímido, mas estava lá.
Voltamos para o Hotel e a festa se deu. Rimos muito, contaram histórias e celebramos a vida e a vitória. Lá pelas 5 capotei de sono.

Um comentário:

  1. Poxa, meu coração saltava enquanto lia seu olhar diante dessa plenário. Lembrei dos momentos que vivenciamos aqui, na relatoria do RN, muitos momentos de desespero, de extremo cansaço pela dificuldade de viver a democracia e a construção coletiva, e sentir o quão é gostoso compartilhar a esperança e a paixão que move ainda o nosso movimento. Feliz por você ter estado lá, por eu sentir nas suas palavras as sensações desse momento único e tão necessário em nossa luta. Eu daqui celebro a vida e a vitória com vocês.
    Beijos e saudades.

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