quarta-feira, 7 de julho de 2010

07 de julho - Hospital de Clínicas - Porto Alegre

Minha garganta ainda não aceito o fato de que eu moro em um lugar frio. Ela, tem marcado sua insatisfação de modos bem veementes. Esta semana ela aprontou novamente. O bom das traquinagens dela é que elas me permitem experiênciar o lugar de usuário do SUS.

Pois é, hoje fui na emergência do clínicas em busca de uma solução rápida para a garganta protestando. Dei sorte e a recepção não estava cheia. Tivemos problemas no cadastro e isso me fez ficar na recepção, por pelo menos 20 minutos. A moça foi gentil e simpática. Ela tinha um boton que fazia menção a algum prêmio de qualidade conseguido pelo hospital. Enfim, o João ficou lá comigo este tempo. Quando me disseram para entrar, disse a ele que poderia ir embora que eu me viraria sozinho.

A emergência trabalha com acolhimento e classificação de risco. Cheguei lá as 18:00. Fiquei vendo as pessoas. E me dando dimensão de que o trabalho em saúde necessariamente é produtor de afetos. Não há como sair ileso dali. Havia todo um esforço por parte da equipe técnica em chamar as pessoas pelo nome, em mostrar interesse pela histórias e acho isso absolutamente louvável. Acho que é um ganho e que precisaria se alastrar por todo o setor da saúde.

Quando fui acolhido  - uns bons quarenta minutos depois - descobri o que eu já sabia. Meu caso não era grave, sendo assim, eu poderia esperar. Descobri que a minha consulta estava prevista para as 23:00. Eram 18:30.Perguntei se poderia sair e voltar  mais próximo do horário previsto - descobri que não pois isto descaraterizaria a urgência. Perguntei se poderia desistir.Tomei um analgésico e fui embora. Enqunto saia de lá pensava em quanto é difícil ser solidário quando se tem dor. Claro que eu concordo com a classifiação de risco. Óbvio que o senhor que teve um derrame deveria ser atendido antes da minha crise de garganta. Mesmo assim, lá no fundo do meu egozinho pequeno burguês  e autocentrado, eu quis que alguém me desse uma solução para parar a dor. Saindo do hospital escrevi pra dirceu e pedi uma indicação de remédio. Horas depois, com o analgésico já funcionando e um banho já tomado, veio a resposta. Comprei na farmácia e espero que funcione.

ps:Minha garganta ainda não aceito o fato de que eu moro em um lugar frio. Ela, tem marcado sua insatisfação de modos bem veementes. (...)É, hoje fui na emergência do Hospital de clínicas em busca de uma solução rápida para a garganta protestando. Dei sorte e a recepção não estava cheia. (...)

Eles trabalham com acolhimento e classificação de risco. Cheguei lá as 18:00. Fiquei vendo as pessoas. E me dando dimensão de que o trabalho em saúde necessariamente é produtor de afetos. Não há como sair ileso dali. Havia todo um esforço por parte da equipe técnica em chamar as pessoas pelo nome, em mostrar interesse pela histórias e acho isso absolutamente louvável.Não me parece adequado para ninguém continuar tratando a questão apenas no plano da técnica. As emoções fazem parte do trabalho em saúde. Um humano não costuma sair incólume da relação com outro. Vendo estes trabalhadores se esforçarem para serem "mais humanos" penso em que suporte eles precisariam para poder fazer isto com menos pesar. Afinal, frente a todos os problemas do SUS não dá pra chamar de desumano o sujeito que precisa trabalhar em três lugares para conseguir pagar as próprias contas.

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