segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

20 de Dezembro - Banca de Qualificação do Projeto III






Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura

André Luis Leite
Simone Mainieri Paulon
Porto Alegre - 2010



Um pouco de história

2008  
Repercussões da Inclusão da Saúde Mental na Atenção Básica: um estudo comparativo em serviços de atenção básica do Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul.
Magda Diniz Dimenstein/Rosane Neves
  • Olhares e Ações do Agente Comunitário de Saúde frente à Loucura

2010
Estratégias de cuidado em saúde mental na interface com a atenção básica: o trabalho dos agentes comunitários de saúde nas equipes de saúde da família.
Rosane Neves 
  • Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura 

Campo Problemático



Brasil,década de oitenta

Reforma sanitária e psiquiátrica enquanto movimentos  da sociedade civil

Institucionalização da Loucura
II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, Dezembro de 1987Bauru/SP.
Reconhecimento da Loucura enquanto Instituição e a decorrente necessidade de desinstitucionalizá-la marca a especificidade do movimento
o conjunto de aparatos científicos, legislativos, administrativos, de códigos de referência cultural e de relações de poder estruturadas em torno de um objeto preciso: a doença[mental], a qual se sobrepõe no manicômio o objeto periculosidade (ROTELLI, F.; LEONARDIS O. DE; MAURI, D, 2001, p. 90)
Reforma Psiquiátrica:
  • Redução do número de leitos para internação em hospital psiquiátrico
  • Abertura de Centros de Atenção Psicossocial
Reforma Sanitária
  • Consolidação do SUS
  • Programa de Saúde da Família/Estratégia de Saúde da Família

    • O Agente Comunitário de Saúde 
      • Personagem Híbrido e Polifônico
      • Inovação no campo da saúde
      • Habitação de um lugar paradoxal



Brasil, Contexto Atual

Reforma Sanitária
  • Necessidade de qualificar a assistência prestada em todos os níveis do Sistema
  • Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS - PNH

Reforma Psiquiátrica
  • Novas ordens de cronicidade//Atenção predominantemente ambulatorial 
  • Carência de atenção à crise
  • Necessidade de trabalhos na perspectiva territorial/Aproximação da  atenção básica  - NASF

    • O Agente Comunitário de Saúde 
      • Elo entre equipes de saúde e a população de um território
      • Desenvolvimento de vínculos como especificidade de trabalho
      • Demanda constante de capacitação da e para a categoria


2005  Os cursos técnicos de formação de agentes comunitários de saúde
    • Trabalhar na perspectiva de desenvolvimento de competências;
capacidade de enfrentar situações e acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa e responsabilidade, segundo uma inteligência prática sobre o que está ocorrendo e com capacidade para coordenar-se com outros atores na mobilização de suas capacidades (BRASIL, 2004p. 47).


Competências: martelando o conceito

Diretrizes Curriculares do Curso dos Agentes Comunitários de Saúde

Saber-fazer
Saber-conhecer
Saber-ser


Análise do uso dos conceito 

Contexto da Administração: Mercados incertos e impossibilidade de prescrição completa das ações de trabalho




Que competências podem auxiliar os Agentes Comunitários de Saúde na construção de práticas para desinstitucionalização da loucura? 
  • Mapear as principais dificuldades encontradas pelos profissionais da atenção primária para prestar atendimento aos usuários de saúde mental 
  • Identificar as concepções de cuidado que pautam a atuação dos profissionais associando-as ao ideário da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária brasileiras
  •  Problematizar a forma como determinados arranjos de trabalho favorecem, ou não, uma atuação na perspectiva psicossocial
  •  Apontar diretrizes metodológicas que subsidiem políticas públicas de educação em saúde

Estratégia Metodológica

Pesquisa-Intervenção

  • Análise Institucional Francesa
    • Tensão Instituinte-Instituído
  • Inspiração Cartográfica
    • Acompanhamento de processos 
Procedimentos Metodológicos


Análise Parcial dos Resultados: 
Categorias Oriundas dos Grupos Focais


Demandas de saúde mental que aparecem no cotidiano do trabalho dos ACS
  1. Uso de crack e de outras drogas
  2. Alcoolismo
  3. Violência domestica associada ao uso de álcool e drogas
  4. Depressão, depressão pós-parto
  5. Tentativa de suicídio, Suicídio
  6. Surto psicótico
  7. Uso de exagerado de medicação
  8. Idosos que moram sozinhos e que estão abandonados
  9. Gravidez na adolescência
  10. Pacientes com queixas múltiplas
Principais estratégias utilizadas para lidar com a demanda
  1. Encaminhamento para a equipe
  2. Agendamento de consulta
  3. Encaminhamento para serviço especializado
  4. Articulação com a equipe para receber os casos
  5. Acolhimento da pessoa em sofrimento
  6. Aumento no número de visitas por mês quando o caso é mais complicado
  7. Formação de duplas com outros agentes para a visita aos casos mais difíceis
  8. Explicação sobre o funcionamento dos serviços de saúde
  9. Cuidado mútuo entre os agentes; agente cuida de agente
  10. Discussão dos casos entre si (ACS)
Principais ações da equipe diante das demandas em Saúde Mental
  1. Discussão de casos com a equipe
  2. Ligações para a brigada militar quando necessário pois o SAMU não atende
  3. Encaminhamento para serviço especializado
  4. Realização de grupos na unidade
  5. Montagem de uma agenda específica para os casos de saúde mental
 Critérios de Encaminhamento das demandas em saúde mental
  1. Dificuldades em responder a isso
  2. Tendência a encaminhar tudo e queixas sobre as falhas da rede
  3. Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem
Conhecimentos/habilidades que são necessárias ter para realizar um acolhimento em saúde mental
  1. Dificuldade em dizer com mais precisão qual seria o assunto no qual precisariam de capacitação
  2. Saber mais sobre diagnóstico
  3. Abordagem em casos de uso de drogas
  4. Identificação de casos e manejo em saúde mental
  5. A redução de dano como uma ferramenta de trabalho

Questões decorrentes de residir e trabalhar no mesmo lugar
  1. Ser reconhecido pela comunidade, sendo requisitado para diversos eventos
  2. A comunidade desenvolve uma relação de confiança com os agentes
  3. Cobrança de visita por parte dos usuários
  4. Dificuldades em estabelecer limites
  5. Não poder se mudar de casa mesmo que haja condições melhores
  6. Ser solicitado a qualquer hora, trabalhador em tempo integral
  7. Inimizades criadas por não se dispor a ‘fofocar’ sobre os outros usuários
  8. A dificuldade de lidar com os limites da atuação
Questões éticas
  1. O que cabe ao agente?
  2. O que levar para a equipe? O que é necessário? O que é demais?
  3. O paciente disse que não era para contar, e agora?
  4. Como saber o que é importante contar e o que não é?
  5. Como abordar um usuário cujos problemas você não soube por ele?
  6. Segredo é diferente de sigilo?
  7. O prontuário, ter acesso a ele ou não?
Saúde do Trabalhador
  1. Necessidade de mais suporte para executar o trabalho
  2. Trabalho no território gera sofrimento
  3. A dificuldade de lidar com os limites da atuação
  4. Problemas de trabalho dentro das equipes
  5. Insegurança em relação ao vínculo de trabalho
  6. Reconhecimento das chefias é mediado pela produtividade (número de visitas realizada)
  7. Sentimento de vazio e impotência
O ACS como agente social
  1. Disseminação de informações sobre documentos e busca de empregos
  2. Atuação como líder comunitário


Partindo das experiências concretas destes profissionais, de seu saber-fazer fruto do cotidiano, como chegar às competências que aumentem a potência de ação dos ACS? 


  • As capacitações do tipo pacotinhos prontos (sic) 
  • Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem
Desenvolvimento de competências de Agentes Comunitários de Saúde: possíveis contribuições metodológicas
  • Formação-intervenção, um mote para o ensino em saúde
  • Promoção de encontros de trocas e de circulação das falas 



Unidades de Produção como estratégia didática

São coletivos tomados como dispositivo capaz de disparar a compreensão sobre
“modos de fazer” atenção e gestão em grupo, bem como sobre a articulação da
produção de saúde em rede, desenvolvendo processos de cogestão e fomentando
grupalidade. O termo “produção” é utilizado nesta perspectiva de formação-intervenção para demarcar diferenças em relação às tradicionais denominações de
grupos ou equipes, já que se quer reforçar a idéia de que entre os produtos desses
coletivos incluem-se a produção de saúde e dos próprios sujeitos que vão se
transformando neste processo (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON,
2010, p.88).

Planos de Intervenção como instrumento de avaliação e acompanhamento

“Os planos de intervenção são estratégias concretas de viabilização de movimentos e ações que apontam metas, mas sempre como expressão das políticas, dos compromissos e das prioridades coletivamente definidas e compartilhadas (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON, 2010, p. 90)

Análise Parcial dos Resultados: a competência de construir vínculos



Saber-ser, mas o quê?
  • Dos perigos do não dito
Vínculo: o paradoxo do território
  • Vincular-se como condição para o trabalho territorial e como fator adoecedor do trabalho
Para se vincular: saber-fazer o quê? Saber-conhecer o que? Saber-ser que?
  • O que nos ensinam aqueles que não sabem

Considerações finais

sábado, 18 de dezembro de 2010

Nietzsche é um bom companheiro - aula III

Durante o semestre, acabei me tornando muito mais íntimo do Nietzsche. Zaratustra e seu cajado me guiaram por entre o mundo da experiência trágica e, com isso, possibilitaram o o retorno da minha relação com a psicanálise. Neste meio tempo, ainda, conheci a Rachel - filha do giacoia. Ontem, repassei a aula sobre o nietzsche para  isaac. Hoje, tava lendo a Hermeneutica do Sujeito do Foucault e, mesmo sabendo que este tipo de leitura fica muito melhor em tempos de férias, retomarei este material.


Se vocês lerem o prefácio de Para a Genealogia da Moral, ele vai dizer o seguinte:
"Os meus escritos são compostos de tal maneira que interpretá-los exige uma faculdade muito especial, que os homens modernos não têm, uma faculdade de ruminação; para entender os meus escritos precisa ser de alguma forma vaca, isto é, precisa ter capacidade de ruminar e perder tempo com eles"
Professor: Há uma frase de um texto tardio de Nietzsche que diz o seguinte: "Eu não sei o que significa uma verdade objetiva, todas as verdades são para mim verdades sangrentas". No fundo, para usar outra imagem do mesmo período, se você não escreve com seu próprio sangue, a sua relação com aquilo que você escreve, pensa, e eventualmente divulga, é uma relação simplesmente exterior e artificial. E não é exatamente esse o tipo de leitor ideal para Nietzsche, pois, para ele, o leitor ideal é aquele que, não necessariamente concorda com aquilo que lê em um autor, mas que realmente assimila, do ponto de vista das suas vivências mais profundas, aquilo que lê. Ou seja, aquele para quem o problema da verdade, o problema da autenticidade numa teoria, não é simplesmente um problema lógico.


Aqui se conclui segundo o hábito gramatical: "pensar é uma atividade, toda a atividade requer um agente, logo -".
Analisando esta frase nós temos, aqui principalmente, uma caracterização por Nietzsche do processo que se encontra em curso quando nós fornecemos uma interpretação expressa por uma proposição do tipo "eu penso", ou seja, o estado mental que eu descrevo chama-se pensamento. Ora, pensamento é uma atividade, ora toda atividade pertence a um autor, logo a esta atividade pensar pertence necessariamente o sujeito do pensamento que sou eu. Agora, quem é que garante que sou eu que pensa? Por que necessariamente pensar tem que ser uma atividade para a qual é necessário um autor? Por que o pensamento tem que ser pensado como efeito de um sujeito? Nada disso Descartes explica na sua famosa "certeza imediata", tudo isso é encoberto exatamente pela imediatez e certeza de si do cogito mas, no entanto, diz Nietzsche, isso tudo é uma interpretação. E o que ele está fazendo aqui é mostrar os passos dessa interpretação. Ora, essa frase: "pensar é uma atividade, a toda atividade pertence um agente", qual é a categoria que está operando aqui? Que relação existe entre o agente e a atividade? Relação de causa e efeito, percebem? Quer dizer, todo processo é conduzido por um raciocínio de tipo causa e efeito, que os lógicos chamam de inferência causal, por isso que ele termina a frase antes do traço de separação com: logo. Ele quer chamar a atenção para a partícula, para o conectivo lógico, para o sinal de inferência. Com isso ele quer mostrar que se trata de um raciocínio e não de uma intuição. Trata-se conseqüentemente de uma dedução e não de uma presença imediata, dada. Portanto, por conseguinte, ou seja, por conseqüência...
Pergunta: É uma seção gramatical, é isso? Agora, eu gosto muito dessa idéia de concepção gramatical. Mas, é possível escapar disso?
Professor: Essa é uma grande pergunta.
Comentário: Eu estava ansiosa para chegar nisso...
Professor: Tais categorias são os modos como o pensamento se estrutura. A pretensão deste curso é explorar e clarificar, tanto quanto possível, isso e, sobretudo, as aporias que isso encerra. Isto que nós estamos vendo aqui agora é exatamente aquilo que a Amnéris leu no livro de Christoph Türcke. É isso que Christoph Türcke chama escândalo da razão. Ou seja, é esta operação de reflexão sobre os limites do pensamento e da linguagem. Apenas para adiantar um pouco, o que nós estamos vendo aqui é a construção daquilo que nós chamamos de mundo, ou seja, a construção dos objetos do pensamento. Ora, vai começar a ficar claro, a partir daqui, que o mundo do qual nós falamos, nós não temos absolutamente nenhuma garantia de que aquilo que nós chamamos de real tenha outra estrutura que não aquela que é determinada pela raiz lógico gramatical da nossa linguagem. Então, o que é o mundo objetivo, o que seria o real fora do pensamento é absolutamente inacessível, o real de que nós falamos é o real que nós construímos e nós o construímos a partir da estrutura fundamentalmente gramatical da nossa linguagem.

Ora, se para Descartes o "eu penso" só poderia subsistir porque justamente ele não era um raciocínio, mas uma certeza imediata, uma intuição do pensamento; e se nós descobrirmos que ele não é intuição, mas sim o efeito de um raciocínio, então a certeza do cogito está desqualificada. 
Professor: Exatamente. Logo, o que está em discussão aqui? Que este "eu" não é a alma, ou seja, que este "eu" não garante nenhum princípio de unidade espiritual, que esse "eu" é, repito, uma função da gramática.


Se você não traduzir nas formas da gramática, literalmente você não pensa, isto é, o pensar consciente é um pensar necessariamente lógico-gramatical.


Platão, fazer uma distinção entre essência e aparência, isso é ilegítimo, isso não tem nenhum sentido. Eu jamais poderia estabelecer esta diferença porque eu só posso pensar em termos da estrutura lógico-gramatical. Então, "coisa em si mesmo" e "fenômeno", essência e aparência, verdade e aparência, etc, tudo isto é uma diferenciação ilegítima, é uma imensa confusão, porque eu não posso jamais falar com sentido, ou pensar em poder estabelecer uma distinção entre aquilo que é a essência objetiva e aquilo que é aparência. Por quê? Porque todo o pensar é aparência. Todo pensar já se constrói a partir das formas e dos princípios da lógica e da gramática, então a própria distinção onde se funda o idealismo de Platão a Kant é uma falsa distinção, não existe possibilidade de se ultrapassar o nível da aparência.


Conhecimento como precisamente o contrário do desejo, do interesse, da inclinação, do apetite, da paixão, o conhecimento como objetividade, ou como busca da objetividade, como, portanto neutralização de todas as parcialidades, de toda parcialidade do interesse na imparcialidade do objetivo. Ora, o que Nietzsche está dizendo aqui é que o pensar justamente não é um meio para conhecer neste sentido, que não existe conhecimento neste sentido, que o pensar é a maneira que nós temos de ordenar o real, designar aquilo que acontece, tornar o real calculável, manipulável, previsível; ou seja, o pensamento é a maneira por meio da qual nós podemos introduzir nos acontecimentos ou naquilo que vem a ser, naquilo que se passa, nós introduzimos ordem, previsibilidade e, por conseguinte, possibilidade de manipulação. Então, o fim último do pensamento e do conhecimento não é a cognição da estrutura objetiva da realidade e sim tornar a realidade, para nós, manipulável, compreensível e previsível. Quer dizer, há uma certa função utilitária do pensamento e do conhecimento. 


E o que Nietzsche está querendo dizer aqui é que no fundo essa pretensão do sujeito cartesiano, esta pretensão do sujeito metafísico, é demasiadamente onerosa... Nós pretendemos obter para nós, por força da concepção tradicional do sujeito, algo assim como um estatuto substancial e essa substancialidade daquilo que nós somos seria dada precisamente pela consciência de si. E o que Nietzsche está querendo mostrar aqui é que a consciência de si é só fachada, é só arco-íris. Quer dizer, pretender tomar o arco-íris por alguma coisa efetivamente existente, que você pudesse tocar, segurar, fixar na unidade de uma substância. Mas ele não é senão efeito visual.
É o que Nietzsche está tomando aqui metaforicamente, usando a imagem do arco-íris, para mostrar exatamente o que somos nós quando nos pensamos substancialmente como consciência de si. Ou seja, permanecemos no nível dos puros efeitos imagéticos visuais sem tocar nenhum teor efetivo, nada que seja substantivo, substancial, embora tendo a ilusão de ser.
 


Então, a eficácia experimental das teorias científicas não garante a sua verdade ontológica, garante pura e simplesmente a sua qualidade de ordenação e possibilidade de manipulação do conjunto de eventos, nada mais. Então, não é porque a ciência dá certo que ela seja o contrário da aparência; ela é simplesmente uma aparência como as outras.


"Naquele célebre cogito se encontra: - (e ele está enumerando então a multiplicidade presente no cogito) - 1) pensa-se, 2) eu creio que sou eu que pensa, 3) mesmo admitindo que o segundo ponto permanecesse implicado, - (isto é, mesmo admitindo que sou eu que pensa) - como artigo de fé, ainda assim o primeiro ‘pensa-se’ contém ainda uma crença: a saber, que ‘pensar’ seja uma atividade para a qual um sujeito, no mínimo um ‘isto’ deva ser pensado - além disso, o ergo sum nada significa!"




ps: entendo pq levo tanto tempo em ir de uma aula a outra.   

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

17 de Dezembro - Banca de Qualificação do Projeto II






Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura

André Luis Leite
Simone Mainieri Paulon
Porto Alegre - 2010



Um pouco de história

2008  
Repercussões da Inclusão da Saúde Mental na Atenção Básica: um estudo comparativo em serviços de atenção básica do Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul.
Magda Diniz Dimenstein/Rosane Neves
  • Olhares e Ações do Agente Comunitário de Saúde frente à Loucura

2010
Estratégias de cuidado em saúde mental na interface com a atenção básica: o trabalho dos agentes comunitários de saúde nas equipes de saúde da família.
Rosane Neves 
  • Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura 

Campo Problemático



Brasil,década de oitenta

Reforma sanitária e psiquiátrica enquanto movimentos  da sociedade civil

Institucionalização da Loucura
II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, Dezembro de 1987Bauru/SP.
Reconhecimento da Loucura enquanto Instituição e a decorrente necessidade de desinstitucionalizá-la marca a especificidade do movimento Reforma Psiquiátrica:
o conjunto de aparatos científicos, legislativos, administrativos, de códigos de referência cultural e de relações de poder estruturadas em torno de um objeto preciso: a doença[mental], a qual se sobrepõe no manicômio o objeto periculosidade (ROTELLI, F.; LEONARDIS O. DE; MAURI, D, 2001, p. 90)
  • Paradigma de Atenção Psicossocial
  • Redução do número de leitos para internação Psiquiátrica
  • Abertura de Centros de Atenção Psicossocial
  • Vínculo como pre condição para o trabalho 
Reforma Sanitária
  • Consolidação do SUS
  • Atenção Básica em Saúde
  • Programa de Agentes Comunitários de Saúde
  • Programa de Saúde da Família
  • Estratégia de Saúde da Família
  • Cuidado Territorial

    • O Agente Comunitário de Saúde 
      • Personagem Híbrido e Polifônico
      • Inovação no campo da saúde
      • Habitação de um lugar paradoxal



Brasil, Contexto Atual

Reforma Sanitária
  • Qualificação da Atenção Básica - porta de entrada privilegiada do Sistema
  • Reconhecimento da complexidadade das ações terrritoriais
  • Desnvolvimento de  vínculo como condição para desenvolvimento de ações
  • Necessidade de qualificar a assistência prestada em todos os níveis do Sistema
  • Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS - PNH

Reforma Psiquiátrica
  • Novas ordens de cronicidade
  • Atenção predominantemente ambulatorial 
  • Carência de atenção à crise
  • Necessidade de trabalhos na perspectiva territorial
  • Aproximação da  atenção básica  - NASF

    • O Agente Comunitário de Saúde 
      • Elo entre equipes de saúde e a população de um território
      • Desenvolvimento de vínculos como especificidade de trabalho
      • Demanda constante de capacitação da e para a categoria


2005  Os cursos técnicos de formação de agentes comunitários de saúde
    • Trabalhar na perspectiva de desenvolvimento de competências;
capacidade de enfrentar situações e acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa e responsabilidade, segundo uma inteligência prática sobre o que está ocorrendo e com capacidade para coordenar-se com outros atores na mobilização de suas capacidades (BRASIL, 2004p. 47).


Competências: martelando o conceito

Diretrizes Curriculares do Curso dos Agentes Comunitários de Saúde

Saber-fazer
Saber-conhecer
Saber-ser


Análise do uso dos conceitos 

Contexto da Administração: Mercados incertos e impossibilidade de prescrição completa das ações de trabalho - Trabalhador Polivalente

Saber agir
Saber mobilizar recursos
Saber comunicar.
Saber aprender
Saber engajar-se e comprometer-se
Saber assumir responsabilidades
Ter visão estratégica
FLEURY & FLEURY, 2008


Que competências podem auxiliar os Agentes Comunitários de Saúde na construção de práticas para desinstitucionalização da loucura? 
  • Mapear as principais dificuldades encontradas pelos profissionais da atenção primária para prestar atendimento aos usuários de saúde mental 
  • Identificar as concepções de cuidado que pautam a atuação dos profissionais associando-as ao ideário da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária brasileiras
  •  Problematizar a forma como determinados arranjos de trabalho favorecem, ou não, uma atuação na perspectiva psicossocial
  •  Apontar diretrizes metodológicas que subsidiem políticas públicas de educação em saúde

Estratégia Metodológica

Pesquisa-Intervenção

  • Análise Institucional Francesa
    • Tensão Instituinte-Instituído
  • Inspiração Cartográfica
    • Acompanhamento de processos 
Procedimentos Metodológicos


Análise Parcial dos Resultados: o que sabem os que não sabem?


Demandas de saúde mental que aparecem no cotidiano do trabalho dos ACS
  1. Uso de crack e de outras drogas
  2. Alcoolismo
  3. Violência domestica associada ao uso de álcool e drogas
  4. Depressão, depressão pós-parto
  5. Tentativa de suicídio, Suicídio
  6. Surto psicótico
  7. Uso de exagerado de medicação
  8. Idosos que moram sozinhos e que estão abandonados
  9. Gravidez na adolescência
  10. Pacientes com queixas múltiplas
Principais estratégias utilizadas para lidar com a demanda
  1. Encaminhamento para a equipe
  2. Agendamento de consulta
  3. Encaminhamento para serviço especializado
  4. Articulação com a equipe para receber os casos
  5. Acolhimento da pessoa em sofrimento
  6. Aumento no número de visitas por mês quando o caso é mais complicado
  7. Formação de duplas com outros agentes para a visita aos casos mais difíceis
  8. Explicação sobre o funcionamento dos serviços de saúde
  9. Cuidado mútuo entre os agentes; agente cuida de agente
  10. Discussão dos casos entre si (ACS)
Principais ações da equipe diante das demandas em Saúde Mental
  1. Discussão de casos com a equipe
  2. Ligações para a brigada militar quando necessário pois o SAMU não atende
  3. Encaminhamento para serviço especializado
  4. Realização de grupos na unidade
  5. Montagem de uma agenda específica para os casos de saúde mental
 Critérios de Encaminhamento das demandas em saúde mental
  1. Dificuldades em responder a isso
  2. Tendência a encaminhar tudo e queixas sobre as falhas da rede
  3. Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem
Conhecimentos/habilidades que são necessárias ter para realizar um acolhimento em saúde mental
  1. Dificuldade em dizer com mais precisão qual seria o assunto no qual precisariam de capacitação
  2. Saber mais sobre diagnóstico
  3. Abordagem em casos de uso de drogas
  4. Identificação de casos e manejo em saúde mental
  5. A redução de dano como uma ferramenta de trabalho

Questões decorrentes de residir e trabalhar no mesmo lugar
  1. Ser reconhecido pela comunidade, sendo requisitado para diversos eventos
  2. A comunidade desenvolve uma relação de confiança com os agentes
  3. Cobrança de visita por parte dos usuários
  4. Dificuldades em estabelecer limites
  5. Não poder se mudar de casa mesmo que haja condições melhores
  6. Ser solicitado a qualquer hora, trabalhador em tempo integral
  7. Inimizades criadas por não se dispor a ‘fofocar’ sobre os outros usuários
  8. A dificuldade de lidar com os limites da atuação
Questões éticas
  1. O que cabe ao agente?
  2. O que levar para a equipe? O que é necessário? O que é demais?
  3. O paciente disse que não era para contar, e agora?
  4. Como saber o que é importante contar e o que não é?
  5. Como abordar um usuário cujos problemas você não soube por ele?
  6. Segredo é diferente de sigilo?
  7. O prontuário, ter acesso a ele ou não?
Saúde do Trabalhador
  1. Necessidade de mais suporte para executar o trabalho
  2. Trabalho no território gera sofrimento
  3. A dificuldade de lidar com os limites da atuação
  4. Problemas de trabalho dentro das equipes
  5. Insegurança em relação ao vínculo de trabalho
  6. Reconhecimento das chefias é mediado pela produtividade (número de visitas realizada)
  7. Sentimento de vazio e impotência
O ACS como agente social
  1. Disseminação de informações sobre documentos e busca de empregos
  2. Atuação como líder comunitário
Partindo das experiências concretas destes profissionais, de seu saber-fazer fruto do cotidiano, como chegar às competências que aumentem a potência de ação dos ACS? 


  • As capacitações do tipo pacotinhos prontos (sic) 
  • Dificuldade em perceber as ações que já desenvolvem

Desenvolvimento de competências de Agentes Comunitários de Saúde: possíveis contribuições metodológicas
  • Formação-intervenção, um mote para o ensino em saúde
  • Promoção de encontros de trocas e de circulação das falas 

Unidades de Produção como estratégia didática

São coletivos tomados como dispositivo capaz de disparar a compreensão sobre
“modos de fazer” atenção e gestão em grupo, bem como sobre a articulação da
produção de saúde em rede, desenvolvendo processos de cogestão e fomentando
grupalidade. O termo “produção” é utilizado nesta perspectiva de formação-intervenção
para demarcar diferenças em relação às tradicionais denominações de
grupos ou equipes, já que se quer reforçar a idéia de que entre os produtos desses
coletivos incluem-se a produção de saúde e dos próprios sujeitos que vão se
transformando neste processo (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON,
2010, p.88).

Planos de Intervenção como instrumento de avaliação e acompanhamento

“Os planos de intervenção são estratégias concretas de viabilização de movimentos e ações que apontam metas, mas sempre como expressão das políticas, dos compromissos e das prioridades coletivamente definidas e compartilhadas (PAVAN, GONÇALVES,MATIAS,PAULON, 2010, p. 90)

Análise Parcial dos Resultados: a competência de construir vínculos



Saber-ser, mas o quê?
  • Dos perigos do não dito
Vínculo: o paradoxo do território
  • Vincular-se como condição para o trabalho territorial e como fator adoecedor do trabalho
Para se vincular: saber-fazer o quê? Saber-conhecer o que? Saber-ser que?
  • O que nos ensinam aqueles que não sabem

Considerações finais

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

14 de Dezembro - Banca de Qualificação do Projeto






Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura

André Luis Leite
Simone Mainieri Paulon
Porto Alegre - 2010



Um pouco de história

2008 - Repercussões da Inclusão da Saúde Mental na Atenção Básica: um estudo comparativo em serviços de atenção básica do Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul.
Magda Diniz Dimenstein/Rosane Neves
  • Olhares e Ações do Agente Comunitário de Saúde frente á Loucura.

2010 - Estratégias de cuidado em saúde mental na interface com a atenção básica: o trabalho dos agentes comunitários de saúde nas equipes de saúde da família.
Rosane Neves 
  • Competências dos Agentes Comunitário de Saúde no processo de desinstitucionalização da loucura



    Campo Problemático



    Reforma sanitária e psiquiátrica enquanto movimentos sociais da sociedade civil Scherer-Warren (2006)
    • Definição de Adversário comum – o regime governamental antidemocrático ao qual o país estava exposto  
    • Defesa de um mesmo projeto utópico - redemocratização nacional e criação de uma Política de Saúde universalista, democrática, resolutiva e descentralizada
    • Agrupamento em torno de temáticas mais abrangentes . 

    Institucionalização da Loucura
    II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental,
    Dezembro de 1987
    Bauru/SP. - Reconhecimento da Loucura enquanto Instituição e a decorrente necessidade de desinstitucionalizá-la marca a cisão.

    o conjunto de aparatos científicos, legislativos, administrativos, decódigos de referência cultural e de relações de poder estruturadas em torno de um objeto preciso: a doença, a qual se sobrepõe no manicômio o objeto periculosidade (ROTELLI, F.; LEONARDIS O. DE; MAURI, D, 2001, p. 90)


    Reforma Psiquiátrica
    • Paradigma de Atenção Psicossocial
    • Redução do número de leitos para internação Psiquiátrica
    • Abertura de Centros de Atenção Psicossocial
    • Perspectiva de cuidado em rede
    • Vínculo como pre condição para o trabalho


     Reforma Sanitária
    • Consolidação do SUS
    • Atenção Básica em Saúde
    • Programa de Agentes Comunitários de Saúde
    • Programa de Saúde da Família
    • Estratégia de Saúde da Família
    • Cuidado Territórial

      • O Agente Comunitário de Saúde 
        • Personagem Hibrido e Polifônico
        • Inovação no campo da saúde
        • Habitação de um lugar paradoxal

    Contexto Atual

    Reforma Sanitária
    • Qualificação da Atenção Básica - porta de entrada privilegiada do Sistema;
    • Reconhecimento da complexiadade das ações terrritóriais;
    • Desnvolvimento de  vínculo como condição para desenvolvimento de ações;
    • Necessidade de qualificar a assistência prestada em todos os níveis do Sistema;
    • Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS - PNH;

    Reforma Psiquiátrica
    • Novas ordens de cronicidade
    • Atenção predominantemente ambulatorial
    • Necessidade de trabalhos na perspectiva territorial
    • Urgência em aproxima-se da a atenção básica  

      • O Agente Comunitário de Saúde 
        • Elo entre equipes de saúde e a populção de um território
        • Desenvolvimento de vínculos como especificidade de trabalho
        • Demanda constante de capacitação da e para a categoria


    2005  Os cursos técnicos de formação de agentes comunitários de saúde
      • Trabalhar na perspectiva de desenvolvimento de competências;
    capacidade de enfrentar situações e acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa e responsabilidade, segundo uma inteligência prática sobre o que está ocorrendo e com capacidade para coordenar-se com outros atores na mobilização de suas capacidades (BRASIL, 2004p. 47).


    Competências: martelando o conceito

    Diretrizes Curriculares do Curso dos Agentes Comunitários de Saúde

    Saber-fazer
    Saber-conhecer
    Saber-ser



    Análise do uso dos conceitos 

    Contexto da Administração: Mercados incertos e impossibilidade de prescrição completa das ações de trabalho

    Saber agir
    Saber mobilizar recursos
    Saber comunicar.
    Saber aprender
    Saber engajar-se e comprometer-se
    Saber assumir responsabilidades
    Ter visão estratégica



    Que competências podem auxiliar a construção de práticas orientadas no sentido preconizado pela desinstitucionalização da loucura a serem efetivada pelos Agentes Comunitários de Saúde?
    • Mapear as principais dificuldades encontradas pelos profissionais da atenção primária para prestar atendimento aos usuários de saúde mental; 
    • Identificar as concepções de cuidado que pautam a atuação dos profissionais associando-as ao ideário da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária brasileiras; 
    •  Problematizar a forma como determinados arranjos favorecem, ou não, uma atuação na perspectiva psicossocial;

    Estratégia Metodológica

    Pesquisa-Intervenção

    • Análise Institucional Francesa
      • Tensão Instituinte-Instituído
    • Inspiração Cartográfica
      • Acompanhamento de processos - o caso da técnica levada ao grupo
    Procedimentos Metodológicos

    • Trabalho com 75 ACS da ESF do distrito Glória/Cruzeiro/Cristal – Porto Alegre/RS
    • Grupos Focais com os ACS 
    • Entrevistas com diversos atores institucionais envolvidos – Coordenadores Diretos dos ACS
    • Encontros de Formação
    • Análise de implicação
    •  Diário de Campo -Blog