Enrolei o quanto pude para sair de casa. Tava com uma preguiça de viver e uma vontade de cama que não tinham tamanho. Acabei indo mesmo assim. POnto de ônibus, tempo, tempo, tempo, nada do maldito ônibus aparecer. Horas depois, cheguei. O lugar era a mesma casa de antes, a questão era que agora, repleta de pessoas tal em festa. Embora um certo ar e marcas de pobreza e exclusão me dessem notícia de que eu não estava entre pares, nada mais no local - nem a roupa,nem a postura, nem as estruturas - diziam que ali haviam técnicos e pacientes. POis é. A proposta do sarau era meio essa. Juntar pessoas, ter coisas acontecendo e criar vida. Nem sei se eles tem dimensão do quanto havia ali um movimento pulsante de vida acontecendo. Fiquei admirado, mas, venci a imobilidade comum da admiração e me juntei a um grupo de pessoas que tocava e cantava. Assim como eu, muita gente ali, assim como eu, não sabia tocar. Contudo, não importava. A questão era fazer barulho. E ali se podia fazer barulho. Ali era permitido. De um modo bem peculiar- soube depois que as atividades que estavam programadas acabaram não acontecendo - criou-se um espaço onde as pessoas simplesmente podiam. Claro, haviam as questões institucionais. Havia a necessidade de bancar toda aquela estrutura. Contudo, tudo aquilo era secundário frente a forma de lidar com a loucura, como se processava ali.
Saí de lá morrendo de vontade de escrever para Kalline e Kamila para dizer que por aqui tinha gente realmente empenhada em dar um outro trato a loucura. Inspirador.
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