Cartografar é acompanhar movimentos e processos. Para tanto, usa o diário de campo como ferramenta capaz de ajudar o sujeito pesquisador a reler sua própria atividade - que aqui é pensado tanto como um campo específico, nos quais as atividades específicas da pesquisa se desenvolvem, quanto no campo da vida onde a vida e o conhecimento se processam.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
La fata Ignorante
Tava puto da cara, achando que precisava ler mais um monte de coisas e decidi ir ao cinema. Não era beeeeeeem cinema. Era uma sessão comentada em uma mostra sobre homosexualidades. O filme era ok. Divertido, até. Meu ponto é que as pessos insistem em defender bandeiras identitárias quando sairiam mais fortalecidas caso partissem para um viés de agrupamento das causas. enfim,fiquei triste. contudo, a proposta de uma matriz hetero sexual ordenadora onde orbita a sexulidade me pareceu legal. AH, fiz um comentário e ganhei um livro.
Espaço Atitude
Enrolei o quanto pude para sair de casa. Tava com uma preguiça de viver e uma vontade de cama que não tinham tamanho. Acabei indo mesmo assim. POnto de ônibus, tempo, tempo, tempo, nada do maldito ônibus aparecer. Horas depois, cheguei. O lugar era a mesma casa de antes, a questão era que agora, repleta de pessoas tal em festa. Embora um certo ar e marcas de pobreza e exclusão me dessem notícia de que eu não estava entre pares, nada mais no local - nem a roupa,nem a postura, nem as estruturas - diziam que ali haviam técnicos e pacientes. POis é. A proposta do sarau era meio essa. Juntar pessoas, ter coisas acontecendo e criar vida. Nem sei se eles tem dimensão do quanto havia ali um movimento pulsante de vida acontecendo. Fiquei admirado, mas, venci a imobilidade comum da admiração e me juntei a um grupo de pessoas que tocava e cantava. Assim como eu, muita gente ali, assim como eu, não sabia tocar. Contudo, não importava. A questão era fazer barulho. E ali se podia fazer barulho. Ali era permitido. De um modo bem peculiar- soube depois que as atividades que estavam programadas acabaram não acontecendo - criou-se um espaço onde as pessoas simplesmente podiam. Claro, haviam as questões institucionais. Havia a necessidade de bancar toda aquela estrutura. Contudo, tudo aquilo era secundário frente a forma de lidar com a loucura, como se processava ali.
Saí de lá morrendo de vontade de escrever para Kalline e Kamila para dizer que por aqui tinha gente realmente empenhada em dar um outro trato a loucura. Inspirador.
Saí de lá morrendo de vontade de escrever para Kalline e Kamila para dizer que por aqui tinha gente realmente empenhada em dar um outro trato a loucura. Inspirador.
Desinstitucionalização
Ontem passei o dia inteiro trabalhando textos que tratavam disso. Lá pelas tantas, aquilo foi me dando um aperreio nas idéias, uma vontade de mudar que acabou sendo canalizada para a reorganização das pastas no computador. Engraçado pois pensando sobre o quanto eu fiquei mechido com tudo aquilo, me dei conta de estes textos tem um quê panfletário que me agradam muito. O texto do rotelli, por exemplo, tem umas frases que eu adorei. Eu acho que a prática vence sempre a ideologia , fantástico. Isso vem bem a calhar com o quÊ de revolucionário que ainda habita meu corpo. O texto do romance de formação do sanitarista diz um pouco disso, de que no movimento sanitário é possível se permanecer defendendo alguns ideais - ainda que isso aconteça denro do serviço público, na gestão e na universidade. Ah, não posso esquecer de mostrar os textos do manicômio para Rafa, ela há de gostar.
Do diário de Campo
Cartografia e diário de Campo
Dentro desta perspectiva busca-se traçar um mapa das diversas linhas que compõem um dado território de existência dos indivíduos. A cartografia se contrapõe “a uma topologia quantitativa que categoriza o terreno de forma estática e extensa” (Andreoli, Costa, Ribeiro, Giacomel, Kirst; 2003) vindo em defesa de outra “de cunho dinâmico, que procura capturar intensidades, ou seja, disponível ao registro do acompanhamento das transformações decorridas no terreno percorrido e à implicação do sujeito percebedor no mundo cartografado” (Andreoli e cols., 2003, p.92).
É preciso ressaltar que a cartografia não é uma metodologia de pesquisa como se entende usualmente, trata-se bem mais de um modo de discussão e de elaboração que visa dimensionar, redimensionar, criar e recriar os efeitos do encontro do sujeito com o objeto. Para que se mantenha a consistência de um trabalho que se pretende cartográfico é necessário que se atendam as mesmas condições sobre as quais versam o rigor científico, a saber: coerência conceitual, força argumentativa e sentido de utilidade dentro da comunidade científica (Andreoli e cols., 2003). Sendo assim, caberia ao cartógrafo tentar construir conhecimentos a partir de um referencial ético-estético-político, valorizando os afetos, localizando virtualidades e acreditando na inseparabilidade do par sujeito pesquisador/objeto da pesquisa. Se propor a cartografar é conseguir deixar, por exemplo, a atenção voando como um pássaro que ora rastreia os céus, ora toca algo, pousa momentaneamente e ora reconhece atentamente aquilo que se propôs a investigar (Kastrup, 2007).
A proposta é acompanhar movimentos e processos, acompanhar processos aos quais o pesquisador está inevitavelmente ligado. Para tanto, usando uma ferramenta capaz de ajudar o sujeito pesquisador a reler sua própria atividade em campo - que aqui é pensado tanto como um campo específico, nos quais as atividades específicas da pesquisa se desenvolvem, quanto no campo da vida onde a vida e o conhecimento se processam. Por isto o diário, e é a isso que vim.
É preciso ressaltar que a cartografia não é uma metodologia de pesquisa como se entende usualmente, trata-se bem mais de um modo de discussão e de elaboração que visa dimensionar, redimensionar, criar e recriar os efeitos do encontro do sujeito com o objeto. Para que se mantenha a consistência de um trabalho que se pretende cartográfico é necessário que se atendam as mesmas condições sobre as quais versam o rigor científico, a saber: coerência conceitual, força argumentativa e sentido de utilidade dentro da comunidade científica (Andreoli e cols., 2003). Sendo assim, caberia ao cartógrafo tentar construir conhecimentos a partir de um referencial ético-estético-político, valorizando os afetos, localizando virtualidades e acreditando na inseparabilidade do par sujeito pesquisador/objeto da pesquisa. Se propor a cartografar é conseguir deixar, por exemplo, a atenção voando como um pássaro que ora rastreia os céus, ora toca algo, pousa momentaneamente e ora reconhece atentamente aquilo que se propôs a investigar (Kastrup, 2007).
A proposta é acompanhar movimentos e processos, acompanhar processos aos quais o pesquisador está inevitavelmente ligado. Para tanto, usando uma ferramenta capaz de ajudar o sujeito pesquisador a reler sua própria atividade em campo - que aqui é pensado tanto como um campo específico, nos quais as atividades específicas da pesquisa se desenvolvem, quanto no campo da vida onde a vida e o conhecimento se processam. Por isto o diário, e é a isso que vim.
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